"Sozinha ali ela sempre ficava. Riam e chamavam-a de "Porta Chapéus." Tinham razão, nua como uma amante. De galhos finos e desengonçados. Nunca floria, sempre chorava. A chuva caía nela primeiro, talvez quisesse levar toda sua dor. Mas quê dor? Era apenas uma árvore escondida debaixo de dedos de neve. Os pássaros nunca nela pousavam, e gatos fofos e gordos nunca nela subiam. Havia algo nela que afastada todos de sua volta, mas que sempre fazia os olhos se sentirem curiosos. Todos para ela olhavam e comentavam que não pertencia àquele lugar, mesmo sendo apenas uma árvore. Aquela rua era de árvores vívidas e floridas. Onde pendiam de tantos pássaros em seus galhos e soavam de tanto sol que nelas batia. E sempre estava lá o Porta Chapéus, se perguntando qual seria seu defeito e por não era como as outras. Por que nunca a olharam com olhos amorosos e admirados. Desejava ter milhares de flores em seus braços, e mais algumas milhares sobre seus pés. Mas por que desejava ser como as outras? Por que desejaria ser comum, ser igual a todas? Não sabia, mas o que a fazia notável eram as diferenças. O que encomodáva aos outros era sua força de continuar ali, de pé mesmo sendo julgada. Percebeu como as outras árvores ao seu redor eram parecidas, e que as pessoas nunca sabiam qual era qual, afinal, eram todas iguais, seguindo os mesmos tempos e a mesma monotonia de vida. Foi quando percebeu que era na verdade invejada, que seu jeito estranho e incomum era o que a tornava extraordinária, que a destacava. E que o mundo é feito das diferenças, as pessoas e coisas julgadas e incomuns, são as quais mais se destacam."
Minha autoria.
Me identifiquei com essa árvore..
ResponderExcluir"O que incomodava aos outros era sua força de continuar alí, de pé mesmo sendo julgada"
Isso marca um período da minha vida...
Me emocionei agora. É bom saber que alguém mesmo em outro contexto entende e conta o nosso sentir.
beijo, beijo
Estou seguindo. Segue de volta?
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